Monday, March 28, 2005
Mãos Ocultas
Os meus dedos tocaram-te...
Mas não conseguiram decifrar
Nesta terra molhada, já cultivada
Mãos audaciosas e faladas.
Sou preta, com um frio branco nas veias
Navego entre os mares abertos,
Palavras, perseguidas e calmas.
Sou mulher, de rosto velho e novo
És uma criação abandonada e minha.
Despi-te nas ruas dos limites.
Cavalo branco sem garras...
Mulher de língua mística,
Convidei-te numa inocência vendida.
Amarrei-te às escondidas da vida
Adormeceste no meu berço crescido.
Estou nua, no desespero dos sonhos.
Vieste sufocando os meus mares...
Nos campos bandidos e naufragados
Quero fugir a esse milagre comum!
Quero amar-te sozinha.
By Susana Pestana
Friday, March 25, 2005
Sunday, March 20, 2005
Pessoa
Fernando Pessoa e o Fado
«Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflecte o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre, e a canção dos povos alegres é triste. O Fado, porém, não é alegre nem triste. É um episódio de intervalo. Formou-o a alma portuguesa quando não existia e desejava tudo sem ter forças para o desejar. As almas fortes atribuem tudo ao Destino; só os fracos confiam na vontade própria, porque ela não existe. O fado é o cansaço de alma forte, o olhar de desprezo de Portugal ao Deus em que crê e que também o abandonou. No fado os Deuses regressam, legítimos e longínquos. É esse o segundo sentido da figura de El-Rei D. Sebastião.»
Saturday, March 19, 2005
Vazio
Vazio
Fera mascarada
na luz do dia
ou será
A noite
diga.
Masked animal
in the light of day
or perhaps
At the night
tell.
Susana Pestana
Fera mascarada
na luz do dia
ou será
A noite
diga.
Masked animal
in the light of day
or perhaps
At the night
tell.
Susana Pestana
Friday, March 18, 2005
Vida de cao by Leonardo Negrao
A wonderful contradiction.
Bijou- the Cat stated: Miss Blimunda is now a graduate student and a full time worker. She will soon disappear because she will have no life. I'm the Princess of the house and Miss Blimunda, the Queen of the house will be gone on and off and when that happen, Bijou-Me the Cat will take over.
I often wonder what it would be like to have a life of a dog..... (Bijou is thinking)
Bijou-Bijou.
( Blimunda will release picture soon)
Thursday, March 17, 2005
Jangada ( De Leonardo Negrao)
Aqui vai esta cancao lindissima que a Amalia tao bem canta.
You can here the song on this link:
http://www.amaliarodrigues.lisbon52.com/Fados/Povo_Que_Lavas_No_Rio.htm
Amália Rodrigues : Povo que lavas no rio.
Música: Fado Victoria
Letra: Pedro Homem de Melo
Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.
Aromas de luz e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.
Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Tuesday, March 15, 2005
Coração sem imagens
Poeta português, natural do Alvito. Foi colaborador das revistas Távola Redonda e Árvore e Cadernos de Poesia, que, na década de 50, conglomeravam de forma irregular, mas activa, poetas de várias sensibilidades. A obra deste poeta, onde se encontram evocações da sua infância alentejana, revela a sua ligação ao neo-realismo.
Um belissimo poema. Aqui vai:
Coração sem imagens
Deito fora as imagens.
Sem ti para que me servem
as imagens?
Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.
Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.
E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.
Raul de Carvalho
Um belissimo poema. Aqui vai:
Coração sem imagens
Deito fora as imagens.
Sem ti para que me servem
as imagens?
Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.
Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.
Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.
Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.
Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.
Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.
E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.
Raul de Carvalho
Monday, March 14, 2005
Thursday, March 10, 2005
O Poder Feminino
Yes, that's right!
aqui vai as palavras cor-de-rosas de um amigo meu, AG
(...)Tenho estado por aqui indeciso, a ruminar resposta digna da celebração. Finalmente, com a ajuda do Sampaio:
"Não é justo nem razoável que persistam enviesamentos masculinocêntricos tão acentuados na selecção das questões políticas agendáveis".
Subscrevo e vou mandar bordar, a ponto de cruz, a frase, no meu avental de cozinha. E, quando houver eleições, lá riscarei do mapa os responsáveis pela selecção das políticas agendáveis que estão na origem dos enviesamentos... [porra!, como é que se diz, falo quê?] ...machistas, pronto!
Ou, então, esta:
«Eu costumava pensar que era um mau começo ter nascido mulher; agora penso que nada há de melhor. É como ter um aleijão e servir-se dele para vencer na vida.» Agustina Bessa Luís
Esta mulher é inteligente, mas é, também, uma cabra. Tão cabra que me faz misógino(...)AG
O que resta....
Timoneira
Hoje sentada longe do mar
Tenho lágrimas cortadas,
penduradas por fios
ondas explicadas.
Aonde será que vou?
recebi um poema de ti
Para mim.
Longe de mim és a presença
Mais azul da escuridão.
O mar!
Vivo entre línguas estrangeiras
num bairro esgotado
vingado pelas marés divididas
num mundo que não é meu.
Nao sei aonde vivo.
Amigo, arrumamos as malas,
noutra história que nos enche as almas
Venho confessar o que não devo,
num mar mudo. No poema que não se cala.
By Susana Pestana
Friday, March 04, 2005
Last Tango in Paris- Marlon Brando
One of the first shots in the film and one of my favorite scenes. The noise of the cars and life itself seemed impossible to be tolerated it . Brando's expression fills the screen with great complexity of emotions in times of despair. A path is carried out between two people in distress, with superb tenderness but at the same time doomed with impulsive lust.
Lindo e complexo.
Susana Pestana
Thursday, March 03, 2005
Talk to Her/Fala com Ela. by Almodovar
Uma Lágrima
Passou por mim uma voz,
Um estoiro!
Equilibrado na luz do dia,
derradeiras esperanças
mostradas pela realidade acordada.
Um despertar sem aviso
um olhar entreaberto nas metades agitadas.
De um dia adulto...o brilho nos olhos
Infantilidades adormecidas!
Tu.
Criança que espreitas às escondidas,
dentro da minha vida, num quarto pequeno
de olhos arregalados, congelados num momento de dor,
em feridas que se deslizam no despertar,
de uma lágrima que não rola.
Uma apenas.
Sabedora lágrima que és,
minha amiga, foge desse olhar arranhado
pelos anos e sobrevoa por galhos rijos e carinhosos.
Confunde os vultos aquecidos por o momento,
Cresce por fora,
voa!
By Susana Pestana
Wednesday, March 02, 2005
"The Sea" by Reinhard W. (my friend- Wind)
Destino
Hoje, sentada longe do mar
Tenho lágrimas cortadas
penduradas por fios
ondas explicadas!
aonde será que vou?
Recebi um poema de ti
Para mim. Longe de mim és a presença
Mais azul da escuridão
O mar!
Vivo entre línguas estrangeiras
Num bairro esgotado
Vingado pelas marés divididas
Num mundo que não é meu
Não sei aonde vivo.
Amigo, arrumamos as malas
noutra história que nos enche as almas
Venho confessar o que não devo
num mar mudo!
No poema que não se cala.
By Susana Pestana
Mãos Ocultas
Os meus dedos tocaram-te...
Mas não conseguiram decifrar
Nesta terra molhada, já cultivada
Mãos audaciosas e faladas.
Sou preta, com um frio branco nas veias…
Navego entre os mares abertos,
Palavras, perseguidas e calmas.
Sou mulher, de rosto velho e novo
És uma criação abandonada e minha.
Despi-te nas ruas dos limites.
Cavalo branco sem garras... Mulher de língua mística,
Convidei-te numa inocência vendida.
Amarrei-te às escondidas da vida
Adormeceste no meu berço crescido.
Estou nua, no desespero dos sonhos.
Vieste sufocando os meus mares... Nos campos bandidos e naufragados
Quero fugir a esse milagre comum! Quero amar-te sozinha.
By Susana Pestana
Os meus dedos tocaram-te...
Mas não conseguiram decifrar
Nesta terra molhada, já cultivada
Mãos audaciosas e faladas.
Sou preta, com um frio branco nas veias…
Navego entre os mares abertos,
Palavras, perseguidas e calmas.
Sou mulher, de rosto velho e novo
És uma criação abandonada e minha.
Despi-te nas ruas dos limites.
Cavalo branco sem garras... Mulher de língua mística,
Convidei-te numa inocência vendida.
Amarrei-te às escondidas da vida
Adormeceste no meu berço crescido.
Estou nua, no desespero dos sonhos.
Vieste sufocando os meus mares... Nos campos bandidos e naufragados
Quero fugir a esse milagre comum! Quero amar-te sozinha.
By Susana Pestana
Tuesday, March 01, 2005
Uma Prenda
Abri as portas escondidas
Amanheci sem reparar
Vi-te e fingi que não queria
Nos escudos do tempo entre águas mudas
Deixei-me deslizar nos teus dedos amigos
Fechei-as nas pétalas da vida.
Acordei com as mãos no teu peito
Senti os teus pensamentos escritos
Mutiplicaste os recheios da alma
Com o doce dos teus lábios, senti
Com o espírito das tuas palavras, ouvi
Sem perceber, foi para ti que escrevi.
De mim para ti.
Abri as portas escondidas
Amanheci sem reparar
Vi-te e fingi que não queria
Nos escudos do tempo entre águas mudas
Deixei-me deslizar nos teus dedos amigos
Fechei-as nas pétalas da vida.
Acordei com as mãos no teu peito
Senti os teus pensamentos escritos
Mutiplicaste os recheios da alma
Com o doce dos teus lábios, senti
Com o espírito das tuas palavras, ouvi
Sem perceber, foi para ti que escrevi.
De mim para ti.
Susana Pestana
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